
Capítulo 3: O Jogo das Revelações
A sala estava silenciosa, exceto pelo som da chuva batendo nas janelas altas. Ele a observava com aqueles olhos escuros, impenetráveis, enquanto ela segurava a rosa negra com as mãos trêmulas. A luz das velas projetava sombras dançantes nas paredes, criando uma atmosfera que parecia viva, como se a própria casa estivesse observando.
"Por que você me enviou a carta, Lucian?" ela perguntou, finalmente quebrando o silêncio. O nome dele saiu de seus lábios como um sussurro, mas ecoou na sala como um trovão.
Ele sorriu, um sorriso lento e calculista, como se já soubesse que ela perguntaria isso. "Porque você é especial, Elara," ele respondeu, sua voz suave e grave, como o som de um rio escuro correndo sob a lua. "Eu vi algo em você que não vejo em ninguém mais. Algo que nem você mesma sabe que tem."
Ela franziu a testa, sentindo um frio percorrer sua espinha. "O que você quer dizer com isso? Eu não sou especial. Sou apenas... eu."
Ele deu um passo à frente, reduzindo a distância entre eles. Ela podia sentir o calor do corpo dele, o cheiro de algo selvagem e indomável que parecia emanar de sua pele. "Você subestima a si mesma, Elara," ele disse, sua voz um sussurro quente em seu ouvido. "Você tem uma chama dentro de você, uma chama que pode iluminar o mundo—ou queimá-lo até as cinzas."
Ela engoliu seco, sentindo o coração acelerar. "E o que você quer com isso? Comigo?"
Ele recuou um pouco, mas seus olhos nunca deixaram os dela. "Eu quero te ajudar a descobrir o que você é capaz," ele respondeu, sua voz carregada de uma intensidade que a deixou sem fôlego. "Mas para isso, você precisa estar disposta a mergulhar no escuro. A enfrentar os segredos que você esconde até de si mesma."
Ela olhou para ele, sentindo uma mistura de medo e fascínio. "E se eu não quiser? E se eu disser não?"
Ele sorriu novamente, mas desta vez, havia algo sombrio naquele sorriso, algo que fez seu estômago embrulhar. "Você já disse sim, Elara," ele disse, sua voz suave, mas carregada de uma certeza que a deixou sem palavras. "No momento em que você entrou nesta casa, no momento em que tocou na rosa, você já fez sua escolha."
Ela sentiu um arrepio, lembrando-se da sensação que teve ao tocar na rosa negra—a onda de calor, as imagens que invadiram sua mente, a vertigem que a deixou trêmula. "O que você fez comigo?" ela perguntou, sua voz trêmula, mas carregada de uma raiva que nem sabia que tinha.
Ele não respondeu imediatamente. Em vez disso, estendeu a mão e tocou seu rosto, seus dedos frios como o mármore da mesa no centro da sala. "Eu apenas te mostrei a verdade," ele disse, sua voz um sussurro que parecia ecoar em sua mente. "A verdade sobre quem você é. E sobre o que podemos fazer juntos."
Ela sentiu algo dentro dela se quebrar, algo que não poderia ser consertado. E, no fundo, sabia que ele estava certo. Ela já estava presa—presa naquela casa, naquela sala, naquela presença que parecia consumir tudo ao redor.
"O que você quer de mim, Lucian?" ela perguntou, sua voz um sussurro que mal conseguia ouvir.
Ele sorriu, um sorriso que não chegava aos olhos. "Tudo," ele respondeu, sua voz grave e hipnótica. "Eu quero tudo."