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Capítulo 2: O Pacto

A sala parecia respirar com ela, as sombras nas paredes se contorcendo como se estivessem vivas. Ele ainda estava perto, tão perto que ela podia sentir o calor do corpo dele, mas não tocava nela. Apenas a observava, aqueles olhos escuros como abismos sondando sua alma, como se pudesse ver cada segredo, cada medo, cada desejo que ela jamais ousou confessar.

"Por que eu?" ela perguntou, sua voz trêmula, mas carregada de uma coragem que nem sabia que tinha. "Por que me escolheu?"

Ele sorriu, um sorriso lento e calculista, como se já soubesse que ela faria essa pergunta. "Porque você é diferente," ele respondeu, sua voz um sussurro rouco que fez seu estômago se contrair. "Você tem fome, mesmo que não admita. Fome de algo mais, algo que o mundo comum nunca poderá te dar. Eu vi isso em você desde o primeiro momento."

Ela engoliu seco, sentindo as palavras dele ecoarem em sua mente. Era verdade? Havia algo dentro dela, algo que ela sempre tentou ignorar, uma inquietação que nunca a deixava em paz. Mas como ele sabia? Como ele podia ver o que nem ela mesma entendia?

Ele deu um passo para trás, finalmente quebrando a tensão quase insuportável que pairava entre eles. "Venha," ele disse, estendendo a mão. "Há mais para você ver."

Ela hesitou, olhando para a mão dele—grande, forte, com veias que pareciam marcar uma história de poder e perigo. Sabia que, se tocasse nele novamente, algo mudaria. Algo que não poderia ser desfeito. Mas a curiosidade, aquela atração perversa, era mais forte que o medo.

Ela colocou a mão na dele, e ele a puxou suavemente, guiando-a pela sala escura em direção à porta entreaberta. A luz dourada que vazava por ela parecia pulsar, como um coração batendo em ritmo lento. Ele a levou até lá, e ela sentiu o ar ficar mais pesado, mais quente, como se estivessem entrando em um lugar que não pertencia a este mundo.

A sala além da porta era pequena, circular, com paredes cobertas por estantes de madeira escura repletas de livros antigos e objetos estranhos—frascos com líquidos coloridos, pedras brilhantes, espelhos embaçados que refletiam algo que não estava lá. No centro da sala, havia uma mesa de mármore negro, e sobre ela, um livro aberto, suas páginas cobertas por símbolos que ela não conseguia decifrar.

"O que é isso?" ela perguntou, sentindo um frio percorrer sua espinha.

"Um registro," ele respondeu, passando os dedos sobre as páginas com uma reverência que a deixou desconfortável. "De todos que vieram antes de você. Todos que fizeram o pacto."

Ela olhou para ele, os olhos arregalados. "Pacto? Que pacto?"

Ele virou-se para ela, e pela primeira vez, viu algo além da calma calculista em seus olhos. Havia uma centelha de algo mais—algo que parecia quase humano. "Um pacto de poder," ele disse, sua voz grave e hipnótica. "De liberdade. De tudo o que você sempre quis, mas nunca ousou buscar."

Ela sentiu o coração acelerar, as palavras dele ecoando em sua mente como um canto sedutor. "E o preço?" ela perguntou, sabendo que nada naquela casa—naquele homem—era gratuito.

Ele sorriu novamente, mas desta vez, havia algo sombrio naquele sorriso, algo que fez seu estômago embrulhar. "O preço é algo que você pode pagar," ele disse, aproximando-se dela novamente. "Algo que você nem sabe que tem."

Ela sentiu o ar faltar, o corpo dela tremendo sob o olhar intenso dele. "E se eu disser não?"

Ele parou, os olhos estreitando-se como se a estivesse vendo pela primeira vez. "Você não dirá," ele respondeu, sua voz suave, mas carregada de uma certeza que a deixou sem palavras. "Porque você já sabe que não pode voltar atrás. Você já está presa."

Ela olhou para ele, sentindo que as palavras dele ecoaram em sua mente como uma verdade que ela não queria admitir. Ele estava certo. Ela já estava presa—presa naquela casa, naquela sala, naquela presença que parecia consumir tudo ao redor.

Ele estendeu a mão novamente, e desta vez, ela não hesitou. Colocou a mão na dele, sentindo o calor da pele dele queimando a dela. Ele a puxou para mais perto, até que seus corpos quase se tocassem, e então sussurrou em seu ouvido, as palavras quentes e pesadas como mel.

"Você é minha agora," ele disse, sua voz um comando que ela não poderia ignorar. "E eu sou seu. Este é o pacto."

Ela sentiu algo dentro dela se quebrar, algo que não poderia ser consertado. E, no fundo, sabia que ele estava certo. Ela já era dele—e não havia volta.

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