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Capítulo 1: O Convite

A chuva caía em fios prateados, cortando o céu cinzento como lâminas invisíveis. As ruas de Black Hollow estavam desertas, iluminadas apenas pelos faróis fracos que lançavam sombras distorcidas sobre o asfalto molhado. Era o tipo de noite que parecia engolir as pessoas, escondendo seus segredos sob um manto de silêncio e escuridão.

Ela caminhava rápido, o casaco encharcado grudando em sua pele, mas não se importava. Seus passos ecoavam nas pedras da calçada, cada um mais rápido que o anterior, como se algo—ou alguém—a estivesse perseguindo. Sabia que não deveria estar ali. Sabia que aquele lugar era perigoso. Mas algo a puxava para aquela rua escura, para aquela casa no final do beco, cuja porta vermelha brilhava sob a luz de um poste quebrado.

A casa era antiga, com paredes de pedra cobertas por hera e janelas altas e estreitas que pareciam olhos vigilantes. Um brilho fraco vazava pelas frestas das cortinas pesadas, sugerindo que alguém estava lá dentro. Ela parou diante da porta, hesitante, sentindo o coração bater forte no peito. Por que tinha aceitado aquele convite? Por que tinha vindo?

A carta chegara naquela manhã, entregue por um mensageiro que desaparecera antes que ela pudesse fazer perguntas. O envelope era de um papel grosso e escuro, com um selo de cera vermelha marcado por um símbolo que ela não reconhecia—uma serpente entrelaçada em uma rosa. A caligrafia era elegante, quase hipnotizante:

"Você é diferente. Eu vi isso em você. Venha esta noite à casa na Rua dos Corvos. Há algo que você precisa ver. Algo que você precisa sentir. Não tema. Eu estarei esperando."

Não havia assinatura, apenas aquelas palavras que pareciam queimar em sua mente. Ela tentou ignorar, jogar a carta fora, mas algo a impedia. Uma curiosidade doentia, uma atração perigosa que a fazia questionar tudo o que sabia sobre si mesma.

Agora, ali, diante da porta vermelha, ela sentiu um frio percorrer sua espinha. A mão tremia ao estender a chave que veio com a carta. A fechadura girou com um clique suave, e a porta se abriu lentamente, rangendo como um suspiro de algo antigo e adormecido.

O interior era quente, iluminado por velas que lançavam sombras dançantes nas paredes de madeira escura. O ar era pesado, carregado com o cheiro de incenso e algo mais—algo doce, metálico, que ela não conseguia identificar. Um tapete vermelho levava até uma escada curva, e ao fundo, uma porta entreaberta deixava escapar uma luz dourada.

"Eu sabia que você viria."

A voz era suave, profunda, como seda deslizando sobre a pele. Ela se virou bruscamente, o coração acelerado, e lá estava ele. Alto, de olhos escuros como a noite sem lua, ele parecia ter saído de um sonho—ou de um pesadelo. Seus traços eram afiados, quase dolorosamente belos, e havia algo em seu olhar que a prendia, como se ele pudesse ver tudo o que ela tentava esconder.

"Quem... quem é você?" ela perguntou, a voz quase um sussurro.

Ele sorriu, um sorriso que não chegava aos olhos. "Alguém que conhece seus segredos mais sombrios. Alguém que pode te dar o que você sempre quis—ou te destruir, se você não for forte o suficiente."

Ela sentiu um arrepio, mas não conseguiu se mover. Não queria. Havia algo nele, algo que a atraía como uma mariposa para a chama. Ele estendeu a mão, e ela viu que segurava uma rosa negra, suas pétalas tão escuras que pareciam absorver a luz ao redor.

"Tome," ele disse, sua voz um comando suave. "Este é apenas o começo."

Ela hesitou, mas acabou pegando a flor. No momento em que seus dedos tocaram as pétalas, uma onda de calor percorreu seu corpo, seguida por uma sensação de vertigem. Imagens invadiram sua mente—cenas de paixão, de dor, de algo tão intenso que ela mal conseguia respirar. E então, tão rápido quanto vieram, desapareceram, deixando-a trêmula e confusa.

"O que... o que foi isso?" ela perguntou, olhando para ele com uma mistura de medo e fascínio.

Ele se aproximou, seu corpo agora a apenas alguns centímetros do dela. Ela podia sentir o calor emanando dele, o cheiro de algo selvagem e indomável.

"Isso," ele sussurrou, seu hálito quente em seu ouvido, "foi apenas um vislumbre do que está por vir. Você está pronta para mergulhar no escuro?"

Ela não sabia a resposta. Tudo o que sabia era que já estava presa—e que não havia volta.

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